Sergipe ganhou dois novos patrimônios culturais com o tombamento do antigo Engenho Camaçari, em Itaporanga D’Ajuda, e do Grupo Folclórico Batalhão de Bacamarteiros de Aguada, de Carmópolis. Os dois pedidos encaminhados ao Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), foram aprovados pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) no final de julho e inscritos no Livro de Tombo, nesta quarta-feira, 24, pela Diretoria do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC).
A Fazenda onde funcionou o antigo Engenho Camaçari, tombada através do Decreto 30.280, de 29 de julho de 2016, detém referências sobre a história política, econômica e cultural de Sergipe. O local remete ao período colonial, de formação territorial e cultural do estado, compondo ainda a rede de propriedades voltadas para a produção açucareira do Nordeste, preservando tradições, usos e costumes de várias gerações.
Nomes da nobiliarquia e da política sergipana, do período imperial ao republicano, estão ligados à propriedade, a exemplo de Domingos Dias Coelho e Mello, Barão de Itaporanga, Antônio Dias Coelho e Mello, Barão de Estância, e Arnaldo Rollemberg Garcez. Os familiares remanescentes preservam no interior da fazenda sede, na capela, um rico acervo envolvendo documentação fotográfica, mobiliário e objetos decorativos de épocas distintas, bem como um acervo de arte sacra expressivo.
A casa da sede é uma edificação que ao longo dos anos passou por reformas, se caracteriza como construção da primeira metade do século XX, modelo de residência da fazenda destinada à criação de gado. Já a capela, que está localizada em um ponto elevado da propriedade, é a edificação mais antiga do conjunto, e sua construção remete ao século XVIII.
Também aprovado pelo CEC, através do Decreto nº 30.281, de 29 de julho de 2016, o Governo de Sergipe passa a reconhecer o Grupo Folclórico Batalhão de Bacamarteiros de Aguada, do povoado Aguada, município de Carmópolis, como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do estado. O grupo surgiu por volta de 1780 nos engenhos de cana-de-açúcar do Vale Cotinguiba, onde os negros brincavam samba de roda e atiravam bacamarte, arma artesanal fabricada pelos próprios negros.
O Batalhão de Bacamarteiros é a maior manifestação cultural do município de Carmópolis e uma das principais expressões culturais de Sergipe. Até hoje, todos os instrumentos musicais, os bacamartes e a pólvora são fabricados pelo próprio grupo. Para a confecção dos instrumentos musicais é usada medeia do jenipapo, árvore frutífera da região, couro de animais e sementes. O Batalhão de Bacamarteiros do povoado Aguada é herança africana deixada na região do Vale da Cotinguiba.
Da ASN
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